A reader lives a thousand lives before he dies, said Jojen. The man who never reads lives only one. (George R. R. Martin)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Lola and the Boy Next Door


Once upon a time, there was a girl who talked to the moon. And she was mysterious and she was perfect, in that way that girls who talk to moons are. In the house next door, there lived a boy. And the boy watched the girl grow more and more perfect, more and more beautiful with each passing year. He watched her watch the moon. And he began to wonder if the moon would help him unravel the mystery of the beautiful girl. So the boy looked into the sky. But he couldn't concentrate on the moon. He was too distracted by the stars. And it didn't matter how many songs or poems had already been written about them, because whenever he thought about the girl, the stars shone brighter. As if she were the one keeping them illuminated.
One day, the boy had to move away. He couldn't bring the girl with him, so he brought the stars. When he'd look out his window at night, he would start with one. One star. And the boy would make a wish on it, and the wish would be her name.
At the sound of her name, a second star would appear. And then he'd wish her name again, and the stars would double into four. And four became eight, and eight became sixteen, and so on, in the greatest mathematical equation the universe had ever seen. And by the time an hour had passed, the sky would be filled with so many stars that it would wake the neighbors. People wondered who'd turned on the floodlights.
The boy did. By thinking about the girl.

Depois de ter lido Anna e o Beijo Francês (Anna and the French Kiss) fiquei deliciada com a simplicidade de escrita desta autora, que teve a capacidade de transformar uma história de amor de adolescentes num livro difícil de largar. 

Foi com as expectativas elevadas que peguei neste Lola and the Boy Next Door (do qual, infelizmente, não existe tradução para português), mas confesso que tinha receio de ficar um pouco desiludida. Com premissas parecidas com o anterior, o que poderia trazer alguma desilusão, voltei a ficar "agarrada" a esta extravagante Lola e ao inventor Cricket, the boy next door

Apesar de serem apresentados como trilogia, estes livros são independentes na medida em que, sim a Anna e o St. Clair voltam a aparecer neste livro, as personagens principais são completamente diferentes do livro anterior e toda uma nova trama é explorada e apresentada. ´

Agora resta-me esperar pela conclusão desta trilogia, para perceber de que modo as relações da Anna e do St. Clair e da Lola e do Cricket continuam a evoluir e para conhecer o novo casal... 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A Sombra do Vento


Ainda me lembro daquele amanhecer em que o meu pai me levou pela primeira vez a visitar o Cemitério dos Livros Esquecidos. Desfiavam-se os primeiros dias do Verão de 1945 e caminhávamos pelas ruas de uma Barcelona apanhada sob céus de cinza e um sol de vapor que se derramava sobre a Rambla de Santa Mónica numa grinalda de cobre líquido.
— Não podes contar a ninguém aquilo que vais ver hoje, Daniel — advertiu o meu pai. — Nem ao teu amigo Tomás. A ninguém.
— Nem sequer à mamã? — inquiri eu, a meia-voz.
O meu pai suspirou, amparado naquele sorriso triste que o perseguia como uma sombra pela vida.
— Claro que sim — respondeu, cabisbaixo. — Para ela não temos segredos. A ela podes contar tudo.
(…)
— Daniel, não podes contar a ninguém o que vais ver hoje. Nem ao teu amigo Tomás. A ninguém.
Um homenzinho com traços de ave de rapina e cabeleira prateada abriu-nos a porta. O seu olhar aquilino poisou em mim, impenetrável.
— Bom dia, Isaac. Este é o meu filho Daniel — anunciou o meu pai. Está quase a fazer onze anos, e um dia ficará ele a tomar conta da loja. Já tem idade para conhecer este lugar.
O tal Isaac convidou-nos a entrar com um leve gesto de assentimento. Uma penumbra azulada cobria tudo, insinuando apenas traços de uma escadaria de mármore e uma galeria de frescos povoados de figuras de anjos e criaturas fabulosas. Seguimos o guardião através daquele corredor palaciano e chegámos a uma grande sala circular onde uma autêntica basílica de trevas jazia sob uma cúpula retalhada por feixes de luz que pendiam lá do alto. Um labirinto de corredores e estantes repletas de livros subia da base até à cúspide, desenhando uma colmeia tecida de túneis, escadarias, plataformas e pontes que deixavam adivinhar uma gigantesca biblioteca de geometria impossível. Olhei para o meu pai, boquiaberto. Ele sorriu-me, piscando-me o olho.
             — Bem-vindo ao Cemitério dos Livros Esquecidos, Daniel.


Completamente devorado!É incrível como este livro nos prende desde as primeiras páginas e nos guia numa viagem pelas ruas de Barcelona na companhia do Daniel em busca da vida de um tal Julian Carax que desapareceu na sombra do vento e de quem pouca gente ouviu falar...São estes os ingredientes que Carlos Ruíz Zafón misturou com uma escrita soberba e que fizeram deste livro aquilo que é. 
Fiquei completamente rendida, e recomendo vivamente a sua leitura! 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

A Glória dos Traidores (Crónicas de Gelo e Fogo #6)

Na manhã do terceiro dia, os portões da cidade abriram-se e uma fileira de escravos começou a sair. Dany montou a prata para ir ao seu encontro. Ao passarem, a pequena Missandei foi-lhes dizendo que deviam a liberdade a Daenerys Nascida na Tormenta, a Não-Queimada, Rainha dos Sete Reinos de Westeros e Mãe de Dragões.
- Mhysa! - gritou-lhe um homem de pele castanha. Trazia uma criança ao ombro, uma rapariguinha, e ela gritou a mesma palavra na sua vozinha fininha. - Mhysa! Mhysa!
Dany olhou para Missandei.
- Que estão eles a gritar?
- É ghiscari,a antiga língua pura. Quer dizer “Mãe”.
Dany sentiu uma leveza no peito. Nunca darei à luz um filho vivo, recordou. A mão tremeu-lhe ao erguê-la. Talvez tenha sorrido. Deve ter sorrido, pois o homem também sorriu e voltou a gritar, e outros acompanharam o seu grito.
- Mhysa! - gritaram. - Mhysa! MHYSA! - Estavam todos a sorrir-lhe, a estender as mãos para ela, a ajoelhar à sua frente. Alguns chamavam-lhe “Maela”, outros gritavam “Aelalla” ou “Qathei” ou “Tato”, mas qualquer que fosse a língua, todas as palavras queriam dizer o mesmo. Mãe. Eles estão a chamar-me Mãe.

Ansiava por este livro desde que iniciei a saga e vi algumas reviews de toda a obra. 
Decididamente é o livro da revolta/revolução/reviravolta (o que lhe quiserem chamar)!
Dei várias vezes por mim a simpatizar com personagens odiados e até a compreendê-los mas também foram muitas as alturas em que surgia uma vontade repentina de mergulhar nas páginas, pegar numa espada e cortar umas quantas cabeças...
Um livro prometedor em relação aos próximos! 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Inferno

As memórias materializaram-se lentamente, como um borbulhar que emerge das trevas de um poço sem fundo.
Uma mulher de véu.
Robert Langdon fitou-a do outro lado de um rio cujas águas agitadas corriam rubras de sangue. A mulher estava de frente para ele na outra margem, imóvel, solene, de rosto velado. Na mão, segurava uma tainia azul, que erguia agora em honra do mar de cadáveres aos seus pés. O cheiro a morte pairava em todo o lado.
Procura, sussurrou a mulher. E encontrarás.
Langdon ouviu as palavras, como se ela as tivesse pronunciado dentro da sua cabeça.
—Quem és tu? — gritou, mas não emitiu qualquer som.
O tempo urge, sussurrou ela. Procura e encontrarás.
Langdon deu um passo em direção ao rio, mas viu que as águas estavam tingidas de sangue e eram demasiado profundas para atravessar. Quando Langdon voltou a levantar os olhos para a mulher de véu, os corpos aos pés dela tinham-se multiplicado. Havia agora centenas deles, talvez milhares, alguns ainda vivos, contorcendo-se em agonia, a morrer de formas inconcebíveis... consumidos pelo fogo, enterrados em fezes, devorando-se uns aos outros. Conseguia ouvir os gritos lúgubres do sofrimento humano a ecoar através da água.
A mulher moveu-se na sua direção, estendendo os braços esguios, como que a pedir ajuda.
—Quem és tu? — gritou Langdon uma vez mais.
Em resposta, a mulher ergueu as mãos e levantou lentamente o véu que lhe cobria o rosto. Era de uma beleza impressionante, se bem que fosse mais velha do que Langdon supusera — talvez já passasse dos sessenta anos, imponente e forte, como uma estátua intemporal. Tinha um queixo bem definido, olhos profundos e eloquentes e cabelo comprido cor de prata que lhe caía em caracóis sobre os ombros. Usava um amuleto de lápis-lazúli pendurado ao pescoço — uma cobra enrolada à volta de uma vara.
Langdon sentiu que a conhecia... que confiava nela. Mas como? Porquê?

Comecei este livro um pouco de pé atrás, já que o anterior me tinha desiludido um pouco, ao tornar-se demasiado previsível e sem conseguir atingir-me com o fator surpresa dos primeiros. Mas rapidamente percebi que este Inferno tinha um pormenor que ia fazer toda a diferença e, assim, voltei a ficar presa ao livro até à última página.


O estilo característico de Dan Brown, tipo guião de filme, com capítulos curtos tem a brilhante característica de me deixar completamente viciada e nem as descrições, por vezes extensas (e que eu odeio em grande parte dos livros que leio), conseguem aborrecer-me!

Apesar de tudo, o fator surpresa de O Código DaVinci e de Anjos e Demónios continua bem presente e este Inferno ficou um bocadinho atrás...

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A Queda dos Gigantes (Trilogia: O Século Livro 1)


No mesmo dia em que o rei Jorge V foi coroado na Abadia de Westminster, em Londres, Billy Williams desceu ao poço em Aberowen, no Sul de Gales.
(…)
Hewitt Seboso estava de tacha arreganhada. — Não tiveste medo, Billy, lá sozinho no escuro?
Ponderou uma resposta. Estavam todos de olhos cravados nele, à espera de ouvir o que teria a dizer. Os sorrisos matreiros tinham-se desvanecido, e os homens pareciam agora ligeiramente envergonhados. Decidiu dizer a verdade.
— Tive medo, mas não estive sozinho.
Hewitt ficou desorientado. — Não estiveste sozinho?
— Não, é claro que não — reiterou Billy. — Jesus esteve sempre comigo.
Hewitt soltou uma sonora gargalhada, mas foi o único. O seu riso grosseiro ecoou no silêncio e deteve-se abruptamente.
A quietude prolongou-se por alguns instantes até ser interrompida por um ruído metálico e um solavanco. A gaiola começara a subir. Harry voltou-lhe costas.
Depois disto, passaram a chamar-lhe Billy-com-Jesus.


Chegada a última página este livro deixou-me com uma mistura de sentimentos.
Se por um lado não o conseguia largar, e estava sempre curiosa com o que iria acontecer aos mais variados personagens, por outro o tempo livre não era muito.

Com uma narrativa incrível, quer a nível do enredo e cruzamento de personagens de diferentes nacionalidades, desiludiu-me um pouco no final, em que há um salto de três anos e parece que o destino de alguns personagens chave foi contado à pressa. Claro que é apenas o primeiro livro de uma trilogia, mas, depois de todas as emoções da I Guerra Mundial, estava à espera de outro desfecho. Acho que foi o que lhe fez "perder" as 5 estrelas...

O facto de ser um livro com mais de 900 páginas pode, no entanto, ser um factor desencorajador para muitos leitores. Eu aconselho-o! Depois de começarmos a ler, o número de páginas é apenas um pormenor ao qual não ligamos muito. O único problema de ser um "calhau" era transportá-lo na mala para aproveitar todas as oportunidades para devorar mais um bocadinho. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

A Tormenta de Espadas (Crónicas de Gelo e Fogo #5)

O som durou, durou e durou, até parecer que nunca terminaria. Os corvos batiam as asas e guinchavam, voando nas suas gaiolas e esbarrando nas barras, e por todo o acampamento os irmãos da Patrulha da Noite levantavamse, vestiam as armaduras, prendiam cintos de espadas, estendiam as mãos para machados de batalha e arcos. Samwell Tarly desatou a tremer, com a cara da mesma cor da neve que caía, rodopiando, a toda a volta.
- Três, - guinchou para Chett - aquilo foram três, ouvi três. Nunca fazem soar três. Há centenas e milhares de anos que não fazem soar três. Três quer dizer…
- …Outros. - Chett soltou um som que era metade gargalhada e metade soluço, e de súbito a roupa de baixo estava molhada, sentia o mijo a escorrerlhe pela perna, e via vapor a evaporarse da frente das suas bragas.


O que dizer de GRRM que não seja repetir-me? 
Depois de lidos cinco volumes (estou a meio dos livros publicados) continuo cada vez mais viciada nestas Crónicas de Gelo e Fogo e sempre a querer saber mais sobre estas personagens.
Ainda fico surpreendida com o sofrimento implantado e com as descrições dos vários locais por onde vão passando e as batalhas que vão travando.
A luta dos cinco reis pela ocupação do trono de ferro está longe de chegar ao fim, não sendo, por isso, nada fácil de prever quem o irá ocupar no final... 

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O Funeral da Nossa Mãe


          A decisão que Carolina tomara afectaria toda a sua vida e, inclusivamente, o momento que escolheria para a sua morte. Enquanto se encaminhava sob o braço da irmã, que já a ultrapassara em altura, para a festa dos Esteves – para festejar o final das suas alegrias – ia mordiscando incessantemente o interior dos lábios. A avó sentara-se com ela na penumbra e aconselhara-lhe coisas impensáveis. Indecentes, imorais. Mas perfeitamente capazes de funcionar. E ela tinha de arriscar tudo, fosse a sua reputação, fosse o modo inocente e honesto como Lourenço a via.
(…)
        A avó dissera-lhe que a mulher é biologicamente talhada para atrair o homem a si. Garantira-lhe que, depois de os lábios dele provarem os dela, ou de a sua mão roçar a calidez das suas coxas, não haveria retorno possível. Ela teria ganho a batalha, se não a guerra. Ainda assim, a ideia de o ludibriar, chamando-o e seduzindo-o, fazia-a envergonhar-se de si própria.
(…)
Ele passou o rosto dela em revista, tentando discernir a sua amiga de infância no interior daqueles olhos claros e tomados de luxúria. (…) Passou em revista as vezes que tinham estado a sós à beira-rio e sentindo-se torturado pelas imagens do corpo dela, sarapintado de gostas de água, a reluzir ao sol. Como é que nunca a vira desse modo? Provavelmente, tinha sido a fantasia dela durante os últimos anos e, se ao menos não tivesse sido tão cego, ter-se-ia apercebido de que ela se transformara numa mulher de beleza singela e formas perfeitamente desejáveis.

Depois de tantas boas opiniões lidas, cedi à curiosidade de pegar neste livro e acabei por conhecer a autora :-) 

Ao folhear as páginas antes de começar a ler, dei-me conta que havia muitas descrições e fiquei um bocadinho de pé atrás. Mas logo nas páginas iniciais tive uma agradável surpresa e as longas descrições tornaram-se facilmente devoráveis e envolventes, facto que se deve à fantástica escrita da Célia.


A história em si não é nada que de um modo ou outro não tenhamos já lido/visto em outros livros ou filmes, mas os segredos que esta família guarda são revelados de um modo que nos mantém em suspense até às últimas linhas e deixa-nos a querer mais. Dei por mim a simpatizar com a Ingrid e a embirrar com a Carolina, a não compreender algumas atitudes da protagonista no seu amor incondicional a Lourenço... 



Gostei muito de conhecer a Vila Flor algures perdida pelo "meu" Alto Alentejo, ali bem perto da minha terra (que também mereceu ser mencionada, ainda que apenas por breves instantes, no início do livro) e que de tão semelhante a qualquer uma daquelas vilas e aldeias traduz um bocadinho de cada uma delas e dos seus habitantes. As pessoas, as casas brancas nas ruas empedradas ou até mesmo o calor desértico que se faz sentir todos os verões...

domingo, 23 de junho de 2013

O Despertar da Magia (As Crónicas de Gelo e Fogo #4)


Arquejando, a mulher agachouse e abriu as pernas. Sangue escorreulhe pelas coxas, negro como tinta. O grito dela podia ter sido de agonia, de êxtase ou de ambas as coisas. E Davos viu o topo da cabeça da criança a abrir caminho para fora dela. Dois braços libertaramse, agarrandose, com dedos negros que se enrolavam em volta das coxas retesadas de Melisandre, empurrando, até que a sombra deslizou por completo para o mundo e se ergueu, mais alta do que Davos, tão alta como o túnel, pairando por cima do barco. Teve apenas um instante para olhar para ela antes que desaparecesse, retorcendose por entre as barras da porta levadiça e correndo pela superfície da água, mas esse instante foi mais do que o suficiente.
Conhecia aquela sombra. E conhecia o homem que a lançava.


Apesar do ritmo mais lento deste volume e do anterior (isto quando comparados com os dois primeiros), não consigo classificá-lo como menos de 5 estrelas. 
Dou por mim a embirrar com personagens que até simpatizava e vice-versa, tão depressa amo, como logo a seguir já odeio e apetece-me entrar dentro das páginas do livro e fazer parte daquela guerra em que a maior parte dos intervenientes são completamente loucos e sedentos de poder.


George Martin tem a incrível capacidade de nos surpreender e desiludir, com uma escrita arrebatadora que me vai fascinando cada vez mais à medida que avanço nestas Crónicas de Gelo e Fogo e na luta aberta pelo Trono de Ferro.  

sábado, 15 de junho de 2013

Segredos Imorais (Jonathan Stride #1)


Então ela apareceu, como se saindo de nenhures, com um aspecto etéreo sob a luz fraca de um candeeiro de rua. Até abriu a boca ao ver o quanto era bela. O pulso acelerou e mais suor a formar uma película pegajosa debaixo dos braços e na parte de trás do pescoço. Tinha a boca tão seca que nem conseguia engolir. Quando ela se aproximou, os olhos dele observaram-na. Tinha lábios vermelhos carnudos e cabelo preto que lhe caía em madeixas molhadas abaixo dos ombros. O frio ruborizava-lhe as faces, mas não o suficiente para colorir o tom cremoso, de alabastro, da pele. Uma única argola a balouçar num clarão dourado da orelha esquerda e uma pulseira de oiro lassa no pulso direito. Era alta e dava passos longos, apressados. Vestia uma camisola branca de gola alta sobre o torso alto, o tecido húmido a colar-se ao corpo. As  calças de ganga pretas muito justas.



Um policial muito bom, com um enredo espectacular e muito bem desenvolvido. Uma escrita simples e nada monótona, com capítulos curtos que dão um óptimo ritmo à acção. A juntar a tudo isto, o livro divide-se em quatro partes e quando, no final da terceira, parece que está tudo resolvido, temos um salto no tempo que nos leva a conhecer novos personagens e à resolução do crime de uma forma completamente inesperada. 

Nota-se muito que aconselho esta leitura? Só deixo uma dica, atenção aos pormenores que vão sendo lançados logo a partir das primeiras páginas ;)

domingo, 9 de junho de 2013

Anna e o Beijo Francês


– Claro. Até amanhã. – Tento falar num tom casual, mas estou tão entusiasmada que assim que saio do quarto dela choco com uma parede.
Ups. Não é uma parede. É um rapaz.
– Ahhh! – Ele cambaleia para trás.
– Desculpa! Lamento imenso, não te vi.
Ele abana a cabeça, um pouco tonto. A primeira coisa em que reparo é no seu cabelo. É castanho-escuro, despenteado e simultaneamente comprido e curto. Penso nos Beatles, uma vez que acabei de os ver no quarto da Meredith. É um cabelo artístico. Cabelo de músico. Um cabelo do tipo eu-finjo-que-não-me-importo-mas-importo.
Um cabelo lindo.
– Não faz mal, também não te vi. Estás bem?
Uau! Ele é inglês.
– Hum. A Mer mora aqui?
Sinceramente, não conheço nenhuma miúda americana que resista ao sotaque inglês.
O rapaz pigarreia.

Não tinha grandes expectativas quando peguei neste livro, mas pareceu-me uma boa opção para uma leitura leve. Não me enganei nem um bocadinho e ainda fiquei surpreendida. 
A história não é nada do outro mundo, o típico romance de adolescentes que todos já lemos uma vez ou outra. O que, na minha opinião, tornou esta história banal digna de ser completamente devorada foi a simplicidade da escrita utilizada e a maneira como a cidade de Paris nos é apresentada pelos olhos da Anna. É fácil simpatizar com ela e com o St. Clair e ficar a torcer para que consiga o tão esperado beijo francês, mas que não surge durante as primeiras páginas e nós vamos lendo mais e mais sempre à espera que aconteça no parágrafo seguinte ou na página seguinte. 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A Fúria dos Reis (As Crónicas de Gelo e Fogo #3)

A cauda do cometa espraiavase pela madrugada, um corte vermelho que sangrava por cima dos penhascos de Pedra do Dragão como uma ferida num céu de rosa e púrpura.
O Meistre estava em pé, na varanda varrida pelo vento, do lado de fora dos seus aposentos. Era ali que chegavam os corvos, depois de longos voos. Os excrementos das aves sarapintavam as gárgulas que se erguiam a uma altura de três metros e meio, de ambos os lados, um mastim do inferno e uma viverna, dois exemplares do milhar que cismava empoleirado nas muralhas da antiga fortaleza. Quando chegara a Pedra do Dragão, o exército de grotescas esculturas de pedra costumava deixálo incomodado, mas com a passagem dos anos, foraselhes acostumando. Agora, pensava nelas como em velhas amigas. Os três observaram juntos o céu, assaltados por pressentimentos.
O Meistre não acreditava em presságios. E no entanto… apesar de ser tão velho, Cressen nunca vira um cometa com metade do brilho daquele, nem daquela cor, daquela cor terrível, a cor do sangue, da chama e dos ocasos. Perguntou a si próprio se as suas gárgulas já teriam visto algo de semelhante. Já ali estavam longo tempo antes de ele chegar, e ainda lá permaneceriam muito depois de partir. Se línguas de pedra falassem…

Depois de toda a acção dos primeiros volumes, com a apresentação dos personagens e os desenvolvimentos trágicos no final, as expectativas eram demasiado grandes. Apesar da escrita continuar soberba (algo a que George Martin nos habitua logo nas primeiras páginas) a acção torna-se um pouco mais lenta mas, na minha opinião, nem por isso menos merecedora da classificação de 5 estrelas...

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O Último Conjurado


Havia já algum tempo que um cavaleiro solitário os seguia, escondendo-se nas sombras e ninguém parecia dar pela sua presença.
A uma dada altura, os nossos amigos saíram do coche e começaram a caminhar rapidamente, precedidos pelo criado que lhes alumiava o caminho.
De tempos a tempos, olhavam para trás, receando ser seguidos, mas nada viram de suspeito. Não se via nem ouvia vivalma.
Soprava um vento frio que abanava as folhas das árvores e as lançava ao chão, fazendo-as rodopiar. Por vezes, as estrelas ficavam ocultas por nuvens escuras, mas felizmente por breves momentos…
Aconchegaram melhor a capa ao corpo e Pedro levava a mão fincada no copo da espada, cauteloso como sempre.
Lá bem atrás, a sombra continuava a segui-los, disfarçadamente. Já não ia a cavalo.
Pouco depois, passavam pela igreja de São Domingos. Aproximaram-se do palácio de D. Antão e olharam em redor. Entraram ambos e o criado desapareceu na escuridão de uma rua.
O nosso sinistro espião conservou-se numa esquina onde podia ver sem ser visto. Os seus olhos brilhavam de excitação.
Passado algum tempo, o que viu deixou-o estarrecido. Apesar da pessoa em questão tentar esconder o rosto ao entrar no palácio, reconheceu-a.
Sentindo o coração aos pulos dentro do peito, encostou-se à parede, estupefacto.
– Meu Deus!… É o Dr. João Pinto Ribeiro, o agente dos negócios do duque de Bragança!… Que fará ele aqui?! – exclamou, perplexo. – E a esconder-se como um reles ladrão!… Só pode ser uma conspiração!… Meu pai vai gostar muito de saber disto!!…
– Talvez…, mas vossa senhoria nunca lhe dirá…
D. Manuel saltou de susto. Empalidecendo, virou-se, deparando com um vulto vestido de negro.
– Vosso pai não vos ensinou que é muito feio espiar os outros?…
– Capitão… capitão Gualdim!…
O mascarado tirou o chapéu e, galantemente, fez uma tal mesura que quase bateu com a testa no chão.
– Ao dispor de vossa senhoria…
D. Manuel desembainhou a espada, a tremer, e recuou. As últimas feridas causadas por ele ainda lhe estavam bem vivas na memória.
– Maldição! Pareceis uma alma penada!… Apareceis não se sabe donde e quando menos se espera…
O outro cavaleiro riu-se, trocista.
– Decerto não estais à espera de escapar, pois não…?
O fidalgo estremeceu. Nisto, deu meia volta e correu, mas poucos passos andou sem que lhe surgisse à frente o seu inimigo, de espada em riste. Sem o conseguir evitar, viu-se a terçar espadas com ele.
Sabedor da perícia do adversário, não tentava nenhuma investida, limitando-se a defender as suas prodigiosas estocadas, que o deixavam sem pinga de sangue a cada uma que conseguia defender.
Não haviam passado dois minutos e já ele fora ferido no antebraço esquerdo. Pálido como um morto, não sabia como se desenvencilhar dele.
De repente, um mocho em voo piou mesmo sobre as suas cabeças, sobressaltando Gualdim que descurou a defesa por segundos. Aproveitando aquele rasgo de sorte que o destino lhe proporcionara, D. Manuel lançou-se sobre ele, decidido a feri-lo mortalmente no coração. Mas, rápido como um relâmpago, Gualdim virou-se mesmo a tempo e aparou-lhe o golpe com tanta violência que o fez desequilibrar-se. Para não cair, agarrou-se ao que estava mais à mão: a máscara do espadachim. Viu-se com ela na mão, pasmado…
Levantou os olhos, abismado, sem poder acreditar na sua sorte. O que viu deixou-o tão assombrado, que cambaleou, com uma expressão de terror no rosto, sem querer acreditar no que os seus olhos viam.
– Sois vós!?! Meu Deus!!!… Não é possível!!…

Já passaram alguns anos desde a primeira vez que o li, mas ainda olho para ele na estante cada vez que vou buscar um novo livro... Já li e reli, mas nem por isso a história deixa de me surpreender, muito pelo contrário. Cada vez que o retiro da estante, nem que seja só para ler um excerto, consigo descobrir novos pormenores que por uma razão ou outra escaparam às leituras anteriores. 


Para conhecer melhor:

segunda-feira, 6 de maio de 2013

A Muralha de Gelo (As Crónicas de Gelo e Fogo #2)

Sonhou um sonho antigo, sobre três cavaleiros em mantos brancos, uma torre há muito caída, e Lyanna na sua cama de sangue.
No sonho, os amigos cavalgavam consigo, como o tinham feito em vida. O orgulhoso Martyn Cassel, pai de Jory; o fiel Theo Will; Ethan Glover, que fora escudeiro de Brandon; Sor Mark Ryswell, de fala mansa e coração gentil; o cranogmano, Howland Reed; Lorde Dustin no seu grande garanhão vermelho. Ned conhecera-lhes em tempos os rostos tão bem como conhecia o seu, mas os anos sugam as memórias de um homem, mesmo aquelas que ele jurou nunca esquecer. No sonho, eram apenas sombras, espectros cinzentos montados em cavalos feitos de névoa.
Eram sete, a enfrentar três. No sonho, tal como acontecera na vida. Mas aqueles três não eram homens comuns. Esperavam defronte da torre redonda, com as montanhas vermelhas de Dorne nas suas costas e os mantos brancos a ondular ao vento. E esses três vultos não eram sombras; os seus rostos eram claros como brasas, mesmo agora. Sor Arthur Dayne, a Espada da Manhã, tinha um sorriso triste nos lábios. O cabo da grande espada chamada Alvorada espreitava-lhe por sobre o ombro direito. Sor Oswell Whent apoiava-se num joelho, afiando a sua lâmina com uma pedra de polir. O morcego negro da sua Casa estendia as asas sobre o elmo esmaltado de branco. Entre os dois, erguia-se o velho e feroz Sor Gerold Hightower, o Touro Branco, Senhor Comandante da Guarda Real.


Depois da "febre" iniciada no volume anterior e de todas a expectativas criadas, George Martin não me desiludiu. Muito pelo contrário, conseguiu ainda aumentar a fasquia da surpresa e do entusiasmo.

Leitura completamente viciante!

terça-feira, 2 de abril de 2013

Uma Morte Súbita


Barry Fairbrother não tinha vontade de ir jantar fora. Aguentara uma enorme dor de cabeça durante grande parte do fim de semana e debatia ­se agora com a data ­limite para entregar um artigo para o jornal local.
No entanto, a sua mulher mostrara ­se um pouco rígida e pouco comunicativa durante o almoço e Barry deduzira que o seu bilhete de congratulações pelo aniversário de casamento não conseguira mitigar o crime de se ter trancado no estúdio durante a manhã inteira. Também não ajudara nada o facto de ter estado a escrever acerca de Krystal, a qual Mary detestava, embora fingisse o contrário.
«Mary, quero levar ­te a jantar fora», mentira ele, para quebrar o gelo. «Dezanove anos, meus filhos! Dezanove anos de casamento e a vossa mãe nunca pareceu tão bela.»
Mary amansara um pouco e sorrira, e Barry decidira então tele­fonar para o clube de golfe, porque ficava ali perto e de certeza que arranjariam mesa. Tentou agradar à sua mulher com pequenos gestos, porque, após quase vinte anos de vida juntos, acabara por se aperceber de como a desiludia frequentemente nas coisas importantes. Nunca o fazia intencionalmente. Tinham simplesmente noções muito diferentes daquilo que deveria ocupar mais espaço na vida.
(…)
Foi então que uma dor como nunca sentira lhe trespassou o cérebro como uma bola de demolição. Mal sentiu a dor nos joelhos quando embateram no alcatrão frio; o crânio explodia ­lhe em fogo e sangue; a agonia era excruciante e para lá de qualquer tolerabilidade, só que tinha de a tolerar, pois o olvido só o pouparia um minuto depois.
Mary gritou — e continuou a gritar. Vários homens saíram a correr de dentro do bar. Um deles desatou a correr para dentro do edifício para ver se algum dos médicos reformados do clube estava presente. Um casal conhecido de Barry e Mary ouviu a agitação lá de dentro do 13 restaurante, abandonou as entradas que estava a comer e apressou­se para a porta para ver em que poderia ajudar. O homem ligou para as emergências pelo telemóvel.
A ambulância teve de vir da cidade vizinha de Yarvil e demorou vinte e cinco minutos a chegar à porta do restaurante. Quando a luz azul intermitente do giroscópio deslizou sobre aquele cenário, Barry estava caído inerte no chão, no meio de uma poça do seu próprio vómito; Mary estava agachada ao seu lado, com os joelhos das calças justas rasgados, a agarrar­lhe a mão, a chorar e a murmurar o nome dele.



It's completely addictive!


Mesmo sabendo que não estava relacionado com o título original, ao pegar no livro pela primeira vez pensei que estava perante um romance policial ou algo do género que envolvesse uma investigação de uma morte que a todos apanhava de surpresa. No entanto, à medida que ia devorando as páginas (sim é mesmo esse o termo), apercebi-me que esta história nada tinha de policial e que a morte de Barry Fairbrother apenas servia de pretexto para J. K. Rowling nos dar a conhecer a pequena cidade de Pagford e os seus habitantes.


Com uma escrita bastante fluída e que nos prende desde as primeiras linhas, somos transportados numa viagem ao quotidiano desta cidade e vamos acompanhando a rotina destas pessoas, os seus relacionamentos e problemas e as intrigas próprias de um local onde todos se conhecem. Não consigo escolher um personagem preferido nem um momento da história que considere crucial, pois até à última página é completamente imprevisível o que vai acontecer a cada uma daquelas pessoas individualmente e à própria cidade mergulhada num conflito antigo.


Depois de me ter conquistado com o seu menino feiticeiro, J.K. não me decepcionou com este livro e mostrou-me um lado diferente. Gostei muito!

terça-feira, 12 de março de 2013

Estranha Forma de Vida

  
Ele sabia que não podia dispensar as russas. A diversidade da cor dos olhos, do tom de pele e do sotaque era essencial para o bom andamento do negócio. Ia ao encontro do mito do homem e do seu diversificado harém. 
(…)
Bastava conhecer as preferências do cliente de deixá-lo feliz. E tudo se resumia nessa frase simples, mas muito comercial: o cliente tem sempre razão. Ele sonha, a casa dá e a fortuna cresce.

Reconheço que deveria dedicar mais "tempo de antena" aos escritores portugueses, pois cada vez que o faço fico surpreendida pela positiva. 

Gosto muito de policiais e esta foi a primeira vez que me deparei com um estritamente português. Muito pormenorizado no que respeita ao submundo da noite, deixa-nos com uma perspectiva bastante realista de como esses negócios se processam e faz-nos pensar um pouco nas pessoas que nos rodeiam todos os dias e que segredos podem esconder...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Breve História de Amor


O comboio pára na estação, entretanto a carruagem encheu -se e ela percorre o cais no meio da multidão. Chega à rua, atravessa-a por entre a confusão do tráfego matinal, ouve uma buzina nas suas costas e salta para o passeio assustada. Olha para trás, a ver quem apitou, sem parar de andar, choca com alguém. Desculpe, diz em português, sem pensar em inglês. Um homem jovem, engravatado, com um sorriso simpático, responde-lhe, não faz mal, também em português. As mãos dele, que agarram ainda os ombros dela, impediram que caísse. Ele retira-as. Está perdida?, pergunta-lhe. N… não, gagueja ela. Trocam algumas palavras, por serem ambos portugueses em Londres, depois seguem em sentidos opostos.

Confesso que não sou muito fã de contos, mas como tinha este livro aqui pela minha estante resolvi pegar-lhe e começar a ler. 
Surpreendeu-me pela positiva, pela simplicidade de escrita e das próprias situações. 
Encontros casuais que acontecem com cada um de nós e a partir dos quais se podem desenvolver grandes amizades e mesmo histórias de amor.
Gostei!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Crime e Sedução


Henrique fitou o irmão, angustiado. Os seus olhos transmitiam um desespero e uma dor tão intensas que impressionaria qualquer pessoa. Sabia que iria morrer e nada podia fazer  para  o  evitar. Fez um esforço desmesurado para mexer as mãos, mas só o que conseguiu foi mexer o polegar esquerdo e isso com muito esforço e sofrimento. Fechou os olhos, cansado. Fez novas tentativas, mas o resultado foi sempre o mesmo.
Dez minutos depois, Marta entrou no quarto, cautelosa. Sorriu ao ver o enfermeiro a dormir de boca aberta e o cunhado com a cabeça de lado. Até ali o plano corria às mil maravilhas. Acercou-se da cama e sentou-se, com um sorrisinho diabólico estampado no rosto.
– Deves ter pensado que eras mais esperto do que eu, meu caro, mas enganaste-te, como vês… Sempre fui mais inteligente do que tu e no fundo sempre o soubeste, por isso me receavas tanto. Dou-te um minuto para encomendares a alma a Deus ou ao diabo. Fica à tua escolha. É só o tempo de eu me preparar.
Henrique fitava-a com os olhos quase a saltarem-lhe das órbitas. O seu maior pesadelo estava a acontecer e ele sem nada poder fazer para o evitar. Não devia haver morte pior do que aquela. Sentir que alguém o estava a matar e nem um grito de socorro conseguir fazer sair da sua boca.
Marta levantou-se, sorrindo. Fitou-o nos olhos e estremeceu levemente ao vê-los com um ódio e desespero tão intensos. Iria recordar sempre até ao fim da sua vida aqueles olhos nos seus piores pesadelos.
– Bons sonhos, querido marido…
Afastou-se dele e acercou-se da mesinha, colocando as chávenas sujas no tabuleiro juntamente com o termo. O seu trabalho ainda não terminara; o mais difícil começava agora…
Deslizou rapidamente para o andar inferior, deixando o marido entregue aos seus dolorosos pensamentos e derradeiros momentos de vida.
“Meu Deus, ajuda-me, por favor! Não me deixes morrer assim… Alguém tem de saber o que esta mulher me fez. Ela não pode ficar sem castigo. Desejo tanto viver! Ver minha filha e meu irmão felizes e à minha volta… Sei que conseguiria recuperar com a ajuda deles. Por favor, salva-me! MEU DEUS, SALVA-ME!”
Duas lágrimas rolaram-lhe pelas faces e pararam-lhe nos lábios. De nada valia ter esperança. Só lhe restava aproveitar os últimos momentos de vida que lhe restavam e não o faria rezando, pois no seu coração não existiam remorsos de nada que tivesse feito contra alguém. Na sua fé sabia que Deus, se é que existia mesmo, o perdoaria por isso. Tinha de pensar rapidamente numa maneira de não deixar impune a criminosa que o matava. Sem saber como, conseguiu ter força suficiente para mexer a mão esquerda o suficiente para a colocar debaixo do seu corpo, com o polegar colado à aliança. Esperava, dessa maneira, indicar ao irmão e ao amigo Fernandes quem o matara.
Todos os seus músculos estavam paralisados. Sentiu o coração parar de bater e deixou de conseguir respirar. Ainda conseguiu fixar o rosto adormecido do irmão.
“Que Deus te abençoe, meu irmão! Vela pela minha querida Joana!”
E com a lembrança do rosto da filha acabou por fechar os olhos.

Completamente devorado! 

Nada a dizer... A Isabel consegue prender-nos aos livros logo na primeira página e cada página lida traz uma nova revelação surpreendente e que altera o rumo da história... Quando achamos que já compreendemos qual será o desfecho das personagens ela consegue trocar-nos as ideias e o final é completamente diferente do que imaginamos :)

Sem dúvida uma ótima leitura!



Para conhecer melhor: